12 Minutos de leitura 27 dez 2019
mulher com confetes coloridos ao pôr-do-sol na estrada

Vinte para os '20: as perguntas que vão moldar a próxima década

Por EY Brasil

Ernst & Young Global Ltda.

12 Minutos de leitura 27 dez 2019
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Explorando formas de construir um mundo de negócios melhor nos transformadores anos 20.

Como o físico Nils Bohr disse uma vez: "A previsão é muito difícil, especialmente se for sobre o futuro." Muitas das mudanças revolucionárias desta última década foram relativamente fáceis de prever. Esperávamos a proliferação da tecnologia digital e das novas mídias em todas as partes de nossas vidas, desde as TVs inteligentes até Tecnologia Vestível. E a crise climática estava presente muito antes do início de 2010, com muitos já alertando sobre a crescente urgência dessa crise. Outras mudanças foram menos óbvias, como o surgimento das economias gig e compartilhada, e o retorno da incerteza geopolítica e econômica.

À medida que avançamos para uma nova década, algumas destas transformações vão continuar. As populações continuarão crescendo, particularmente nas economias em desenvolvimento. Os riscos relacionados com o clima vão aumentar. A política provavelmente vai continuar a ser imprevisível. E tecnologias totalmente novas, desde a 5G à biotecnologia e à computação quântica, bem como outras ainda não inventadas, transformarão o mundo.

Nesta nova década, vamos descobrir formas de promover a saúde humana, nos comunicar, compartilhar uns com os outros, e proteger o planeta. Haverá novas formas de arte, e novas formas de viver. Modelos de negócio, empresas e empregos vão surgir, e rapidamente vai parecer como se eles existissem a muito tempo. Algumas dessas mudanças podemos antecipar; outras vão nos pegar de surpresa.

Aqui, analisamos 20 tópicos, tendências e insights que examinamos ao longo dos últimos 12 meses para enquadrar as questões críticas que o mundo dos negócios precisará abordar nos próximos 120 meses.

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Capítulo 1

Crescimento: como podemos criar valor a longo prazo?

O mundo continua crescendo, e as empresas precisam se preparar para qualquer forma que isso assuma.

As maiores empresas do mundo têm de ser comprometidas. Não é sobre se você cresce ou não cresce. É uma questão de saber se você existe ou não.
Bala Swaminathan,
Membro do Conselho Consultivo Asiático da Westpac Banking Corporation

1. Será que o CEO se tornará o principal solucionador de problemas da sociedade?

O mundo está mudando. O que não mudou é a obrigação dos CEOs de tomar decisões que proporcionem valor a longo prazo. O EY  CEO Imperative Study (pdf) examina o que preocupa os principais líderes e tomadores de decisão, e como eles estão se preparando para a próxima década. A importância de assumir riscos continua a ser um tema chave – 57% dos CEOs acreditam que há mais oportunidades do que riscos para enfrentar ativamente os principais desafios globais, como a desigualdade de gênero e as mudanças climáticas.  

Leia mais: Para os CEOs, os dias de marginalização dos desafios globais estão contados

2.  Qual é a maneira certa de usar os dados para turbinar o crescimento?

O crescimento vem a partir da tomada de melhores decisões. E da estratégia ao planejamento à execução, os dados são cruciais. Na verdade, 41% dos CFOs acreditam que dados  insuficientes  são uma barreira primária para a alocação otimizada de capital. O que importa é garantir que o talento, as tecnologias e os processos estejam em vigor para permitir uma interpretação eficaz.

Leia mais:  Como potencializar a sua estratégia de crescimento através de dados e tecnologia

3. Como os negócios podem inovar à medida que o ritmo da mudança aumenta?

É importante perceber, quando se pensa em crescimento, que a mudança não está ficando apenas mais rápida – está ficando mais estranha. Com as novas tecnologias, a taxa de mudança é exponencial. Ou seja, a própria velocidade a que a mudança está acontecendo está acelerando. A tecnologia não está progredindo – está a explodindo.  Não podemos mais nos permitir estratégias lineares, como a adoção de novos produtos e modelos e reagir ao mercado à medida que a mudança acontece. A mudança exponencial exige modelos totalmente novos de inovação, para garantir que os resultados finais acompanhem o ritmo da transformação.

Leia mais:  A inovação incremental não precisa de acompanhar as oportunidades exponenciais

4. Como podemos alimentar mais dois bilhões de pessoas?

O crescimento da população será uma tendência de grande impacto nos próximos anos – a ONU prevê que o planeta terá quase 10 bilhões de pessoas até 2050, contra os 8 bilhões de hoje. Como vamos alimentar 2 Bilhões de pessoas a mais, em meio à crescente precariedade climática e à diminuição das terras aráveis? A indústria alimentar global, avaliada em 5 trilhões de dólares, vai mudar radicalmente durante a próxima década para acomodar o crescimento e a mudança na demanda. Entender a natureza dessa mudança significa estar pronto para capturar esse mercado à medida que ele se transforma.

Leia mais: Porque a sua próxima grande aposta deve ser na inovação alimentar

5. Podemos aumentar a riqueza sem aumentar a desigualdade?

O crescimento é bom. O crescimento é o que nos permite construir nossas casas, alimentar nossas famílias, curar nossos doentes e financiar a inovação. Mas quando a desigualdade entre os mais ricos e os mais pobres cresce, ela pode gerar ressentimento, animosidade e instabilidade política. A mudança para um crescimento mais inclusivo e equitativo pode ajudar a lidar com estas ansiedades. Modelos futuros de crescimento, negócios e tributação devem levar em conta a sustentabilidade climática, assim como a distribuição equitativa e inclusiva da riqueza e dos benefícios gerados pelas empresas. 

Leia mais: Como adotar uma abordagem equitativa do crescimento

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Capítulo 2

Transformação: a mudança é a única constante?

Estamos no meio de uma era de transformações, e a disrupção nos negócios - como de costume - vai continuar na próxima década.

A maior falha da raça humana é a nossa incapacidade de compreender a função exponencial.
Pascal Finette,
Co-fundador, Radical Ventures

6. Como você se prepara para tecnologias que não existem?

A transformação anda de mãos dadas com o crescimento. Mas embora o crescimento seja geralmente bom para todos – empresas e consumidores – o impacto das tecnologias transformadoras pode ser mais imprevisível.  Compreender o efeito potencial das tecnologias emergentes - e prever o que poderá vir depois delas - é fundamental para organizações de todas as faixas, e só se tornará ainda mais vital à medida que a velocidade das mudanças aumentar.

Leia mais: Como planejamos o agora, o futuro, e o que está além?

7. Os jogos de poder geopolítico irão criar uma nova ordem mundial?

Uma das maiores tendências transformadoras que as empresas – e a sociedade em geral – enfrentam atualmente é a transformação política. Durante 70 anos, as grandes empresas têm operado numa ordem econômica global baseada em regras, em grande parte liderada pelos EUA. Isso está mudando. As velhas certezas já não se mantêm em meio ao aumento do populismo e do protecionismo econômico, às mudanças na influência dos órgãos internacionais, ao ressurgimento da China e a um cenário regulatório em vias de recuperar o atraso em relação a transformação tecnológica. Compreender a geopolítica deste novo mundo desconhecido é fundamental.

Leia mais: Como as empresas podem navegar na era da transformação da geopolítica

8. A computação quântica vai passar da teoria à prática?

Do muito grande para o muito pequeno: computação quântica. Paralelamente às macro mudanças na política e no crescimento populacional, as mudanças tecnológicas apresentam sempre enormes desafios e oportunidades para as formas tradicionais de fazer negócios. Talvez nada tenha um potencial mais radical do que a computação quântica. Esta tecnologia – que explora o comportamento ainda pouco compreendido das partículas subatômicas para impulsionar um aumento exponencial do poder de processamento – poderia mudar tudo, desde a medicina até a logística e o setor financeiro. 

Leia mais: Pode a computação quântica ser a tecnologia que impulsiona o seu salto quântico para a frente?

9.   5G será para os anos 20 o que a banda larga foi para os anos 2000?

Menos exótico, mas talvez não menos radical do que a computação quântica será o lançamento em massa das redes de dados da 5ª geração (ou 5G) - espera-se que atinja metade da população mundial até 2024. Sendo capaz de carregar pacotes de dados muito maiores a velocidades muito mais rápidas do que as redes atuais, o 5G pode ser a chave mestra que desbloqueia o potencial de massa de soluções de Internet das Coisas, carros autônomos e cidades conectadas.

Leia mais: Quatro formas em que a conectividade 5G tornará as cidades mais inteligentes

10.   Será que o dinheiro ainda tem um papel para desempenhar na economia global?

Há milhares de anos que trocamos moedas, mas o aumento das transações sem dinheiro, do comércio online e das plataformas de pagamento digital pode acabar com isso. Como em qualquer transformação radical, cautela é a palavra.   O gerenciamento de uma transição para uma sociedade sem dinheiro está repleta de potenciais problemas. Apesar do crescimento nas taxas de adoção, a tecnologia sofre de deficits de confiança. Estratégias de cima para baixo também podem ser difíceis de conceber e implementar – retirar dinheiro das economias muito rapidamente pode levar a uma série de consequências não intencionais. 

Leia mais: Porque é que o fim potencial das cédulas é mais do que apenas o dinheiro

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Capítulo 3

Confiança: Ela pode ser construída sobre os alicerces de uma tecnologia em constante mudança?

Navegar nas complexidades da era de transformações requer um ativo crítico – a confiança.

Os seres humanos [precisam] olhar para esses sistemas e usá-los como conselheiros, mas também ser capazes de dizer onde o sistema não é perfeito.
Ethan Zuckerman,
Diretor no MIT Center for Civic Media e EYQ Fellow

11.  Em uma década movida por dados, a confiança será o bem mais valioso?

Para que as organizações se transformem e cresçam no mundo do futuro, elas precisam de confiança. Seja a confiança dos clientes, a confiança dos funcionários ou a confiança dos reguladores, garantir a confiança continua a ser fundamental na construção de um negócio que pode durar. Isto é particularmente verdade quando se fala do tratamento de dados de clientes – cada vez mais essencial para fazer negócios no mercado atual. Descobrir como garantir essa confiança será uma prioridade para as empresas na próxima década.

Leia mais:  Cinco maneiras de fazer da confiança a sua vantagem competitiva

12.   Como podemos medir melhor o valor da confiança?

Apesar da sua importância, a confiança nas empresas que estão no centro das nossas economias não é elevada. Apenas 58% dos líderes financeiros sentem que o público tem confiança suficiente nos negócios, e reconstruir a confiança significa criar modelos de transparência e relatórios eficazes. Isto inclui melhorar a auto-medição – e não apenas os balanços das empresas, mas também os dados não financeiros. Melhorar a abrangência dos relatórios não vai apenas reconstruir a confiança do público; vai também dar às empresas o autoconhecimento para tomarem decisões estratégicas difíceis.

Leia mais: Você está mensurando tudo o que precisa para construir confiança?

13. As empresas podem traduzir a urgência em ação sobre as mudanças climáticas?

Não há como fugir disso – um dos principais motores das mudanças climáticas tem sido historicamente a atividade comercial. Manter os aumentos de temperatura projetados dentro da faixa 1,5 ̊C recomendada pelo Acordo de Paris significa reconhecer isto. Mais uma vez, o relatório e a medição são fundamentais. Sem surpresas, diferentes regiões e setores superam os outros na qualidade dos seus relatórios e divulgações climáticas. Mas construir confiança e agir diretamente é essencial se quisermos gerenciar de forma eficaz as alterações climáticas.

Leia mais: Seu conselho pode impulsionar uma ação transformadora em relação as mudanças climáticas?

14.  A tecnologia e a confiança podem evoluir juntas?

A boa notícia para as organizações que procuram melhorar a supervisão das suas próprias operações, e melhorar a forma como comunicam essa confiança ao público, é o avanço tecnológico. Por exemplo, a AI pode fornecer às organizações visões muito mais profundas e perspicazes de seus dados, permitindo a elas ver e entender suas próprias operações e identificar e retificar questões críticas de regulamentação, conformidade, ou outras questões antes do tempo.

Leia mais: Como a confiança na tecnologia está elevando o nível na indústria de auditoria

15.  Como a AI pode remover o preconceito humano em vez de o incorporar?

Apesar de seus benefícios, a AI vem com seus próprios riscos baseados na confiança. Embora grande parte da paranoia em torno da AI esteja exagerada (não, robôs não vão matá-lo - pelo menos ainda não), ela ainda é uma tecnologia nova e poderosa e, se usada de forma imprópria, pode minar a confiança no sistema. Por exemplo, uma AI alimentada por conjuntos de dados com falhas pode replicar e exacerbar as falhas desses dados, agravando problemas entrincheirados em torno de coisas como gênero ou preconceitos raciais. Aproveitar ao máximo a AI significa estar ativamente consciente dessas complicações - e trabalhar ativamente para antecipá-las e mitigá-las.

Leia mais: Porque precisamos de resolver a questão do preconceito de gênero antes que a AI a piore.

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Capítulo 4

Talent: qual é a composição da força de trabalho do futuro?

À medida que o mundo muda, os tipos de recrutamento, e os papéis que ele precisará desempenhar, também estão mudando.

Já não pode ser apenas sobre o CEO. Os conselhos vão se envolver cada vez mais na conversa com os investidores, com o CEO e com a gerência.
Surya N. Mohapatra,
Diretor da Xylem Inc. e Leidos

16.  Qual é a nova mistura de habilidades necessárias para um executivo C-level?

Com um mundo transformador vem a necessidade de um conjunto transformado de talentos. A rápida mudança dos mercados significa que você precisa de uma estrutura de gestão ágil e flexível. Uma maior afluência de tecnologia significa que você provavelmente precisa de tecnólogos no topo. Estas não são necessariamente capacidades que as organizações têm tradicionalmente desenvolvido dentro dos seus executivos de C-level e de gestão. Mas a necessidade de mudança está se tornando inevitável, e as empresas que não conseguirem lidar com isso podem se ver rapidamente ultrapassadas.

Leia mais: O seu C-level mudou para refletir os tempos de mudança?

17.  Como a AI pode nos ajudar a fazer menos para conseguir mais?

Robôs e seres humanos são frequentemente enquadrados em oposição uns aos outros – não apenas em distopias de ficção científica, mas no mundo real dos empregos e da economia. No entanto, o que os robôs podem fazer é aumentar a produtividade e libertar os humanos de tarefas repetitivas e monótonas. Teoricamente, isto permite que o talento humano faça o que os robôs não conseguem – se concentrar na criatividade e no tipo de inovação e de tomada de decisões complexas com que os algoritmos continuarão a lutar. Esta tem sido a linha dos otimistas tecnológicos há já algum tempo. A década de 2020 pode apenas pôr esta teoria à prova.

Leia mais: A AI é o início da verdadeira criatividade humana?

18.  O que os educadores devem ensinar à futura força de trabalho?

Está tudo bem e é bom dizer que a inteligência artificial e outras tecnologias irão criar novos e mais envolventes empregos. Mas determinar exatamente que forma esses papéis podem assumir é outra questão completamente diferente. Identificar esses papéis, decidir sobre os conjuntos de competências necessários para preenchê-los e desenvolver estratégias de ensino para ajudar a próxima geração de trabalhadores a adquirir essas competências, será uma tarefa urgente para políticos, educadores e empregadores na próxima década.

Leia mais: Como você se prepara para carreiras que ainda não existem?

19.   As culturas corporativas podem sobreviver à expansão gig?

A grande história do trabalho na última década tem sido o surgimento da economia gig. Mais de um terço da força de trabalho dos EUA está oficialmente envolvida em empregos gig - e espera-se que isso aumente para mais da metade dentro dos próximos cinco anos. A força de trabalho da economia gig é mais flexível do que a força de trabalho tradicional, mas aprender a gerir estes trabalhadores e se envolver de forma eficaz com eles será um desafio fundamental para aqueles que utilizam as suas capacidades à medida que proliferam os modelos de economia gig.

Leia mais: Como a economia gig está sendo um agente disruptivo no recrutamento tradicional

20. Como você pode abrir novos caminhos para a inclusão sem violar as leis locais?

Um componente crítico da gestão de talentos é promover a inclusão, desde mulheres, a pessoas negras, a pessoas LGBT+  – particularmente à medida que os valores sociais progressistas se tornam cada vez mais comuns nas sociedades ocidentais. No entanto, perseguir estes valores como multinacional pode ser complexo – a homossexualidade, por exemplo, ainda era ilegal em 73 países no final de 2019. Proteger os direitos de nossas pessoas e defender a mudança enquanto se adere à legislação local é um desafio que precisa de ser enfrentado.

Leia mais: Você pode aplicar uma política globalmente consistente em um mundo incoerente?

Olhando para o futuro

A próxima década terá sem dúvida mais surpresas e perguntas para nós do que a atual. Poucos no início da última década previram coisas como o crash financeiro ou a onipresença do smartphone. As pessoas em 2030 irão provavelmente passar por mudanças igualmente radicais das quais poucos vão ter comentado hoje.

No entanto, ao começar a questionar em como pensamos no futuro agora, e projetar planos e processos que atendam à velocidade, flexibilidade e agilidade para lidar com o que está por vir, os tomadores de decisão de hoje podem enfrentar com confiança as incógnitas de amanhã e do futuro.

Resumo

Será que a próxima década será tão transformadora como a última? Nesse texto, discorremos por 20 perspectivas futuras do ano passado que podem preparar o que os transformadores anos vinte têm nos reservado.

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