Aproposta do BIS visa atualizar as informações divulgadas no Pilar 3 sobre gestão de risco climático. Atualmente, o arcabouço do Pilar 3 não fornece informações específicas ou comparáveis sobre como os riscos climáticos nas suas várias vertentes podem afetar a solvência de um Banco. Diante disso e da crescente relevância dos riscos climáticos para o setor financeiro, o BIS busca entender como o estabelecimento de um modelo regulatório sob o Pilar 3 poderia melhorar a comparabilidade dos perfis de risco dos bancos e fornecer aos participantes do mercado informações importantes sobre as exposições ao risco dos bancos em relação à questão das alterações climáticas.
Esta consulta pública traz uma alteração relevante, tendo em vista que a regulação em vigor do BACEN demanda a publicação de um relatório de gerenciamento de riscos e oportunidades sociais, ambientais e climáticas (GRSAC) específico, assim como o IFRS demanda que o S1 e S2 sejam relatórios específicos, ao invés de incorporar os dados no relatório do Pilar 3. O BACEN avaliará o resultado da consulta pública, o posicionamento a ser consolidado pelo BIS e decidirá pela sua implementação no Brasil.
Por que o BIS está entrando na seara do disclosure climático?
O relato de questões climáticas é de suma importância para um gerenciamento eficaz dos riscos, identificando as maiores vulnerabilidades dos bancos e possibilitando a definição de normas adequadas para garantir a estabilidade financeira global. Isso proporciona maior transparência aos stakeholders e responsabilização aos bancos em relação ao impacto ambiental de suas operações e investimentos.
A divulgação dos riscos climáticos também contribui para o alinhamento das atividades bancárias com as metas climáticas globais e fomenta o desenvolvimento de estratégias e produtos financeiros que apoiam a transição para uma economia de baixo carbono.
Qual é a estrutura proposta pelo BIS, considerando IFRS – S2?
A proposta do BIS é complementar o relatório S2 com dados qualitativos e quantitativos específicos do setor financeiro.
Avaliando a lógica de disclosure proposta pelo IFRS no sistema “building blocks”, a base continuaria sendo as normas de disclosure financeiro do IFRS, acrescidas do S1 e S2 e complementadas com a proposta de disclosure climático do BIS para os bancos. Em suma, a base das divulgações continuaria sendo o reporte financeiro com foco no investidor, adicionada dos dados financeiros relativos à sustentabilidade e ao risco climático.
Como ficam as normas do BACEN sobre relatório de gerenciamento de riscos e oportunidades sociais, ambientais e climáticas (GRSAC)?
Em seu último relatório de riscos e oportunidades sociais, ambientais e climáticas publicado em outubro de 2023, o BACEN indicava a realização de uma nova consulta pública visando atualizar as normas de divulgação de riscos climáticos, levando em conta IFRS e o tratamento holístico do BIS para integrar risco climático no Pilar 3 de divulgações bancárias, sem a necessidade de relatório separado (que é o padrão adotado pelo Banco Central do Brasil).
Tendo em vista o cronograma de junho de 2024 divulgado pelo Banco Central para publicação da norma atualizada sobre disclosure de risco climático, é provável que se tenha mais uma consulta pública aberta muito em breve.
Até quando o BIS receberá comentários?
Os interessados em participar da consulta pública poderão enviar comentários até o dia 29 de fevereiro de 2024 neste link.